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SAE na Atenção Básica: A Sistematização do Cuidado como Chave para a Saúde da Família

Na ESF, o enfermeiro desempenha um papel decisivo e fundamental na identificação das necessidades de cuidado da população. Suas competências englobam o planejamento, o gerenciamento e a execução de ações de promoção, prevenção, cura e reabilitação, tanto no âmbito individual quanto coletivo.



A Consulta de Enfermagem: O Coração do Processo na UBS


Na Atenção Primária, o Processo de Enfermagem se manifesta primariamente por meio da Consulta de Enfermagem. Esta consulta é um espaço crucial que permite ao enfermeiro:


  1. Conhecer o paciente e a comunidade: Possibilita ao enfermeiro identificar os anseios do paciente, os problemas de saúde da comunidade e sua magnitude, e estabelecer relações entre o processo saúde-doença e o social.


  2. Estabelecer Vínculo: É um momento de encontro e cuidado que facilita a criação de vínculo entre o profissional e o usuário/família.


  3. Garantir a Integralidade: O enfermeiro, como membro da equipe de atenção básica, é responsável por realizar a assistência integral aos indivíduos em todas as fases do desenvolvimento, conforme preconiza a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB).


É importante notar que, diferente da assistência hospitalar, onde o PE é aplicado diariamente, na APS ele é aplicado na presença do usuário nos serviços, o que pode ser semanal, mensal ou em intervalos maiores.



SAE, Tecnologia e Linguagem Padronizada na APS


Para organizar o trabalho e dar visibilidade à prática, o enfermeiro na APS precisa utilizar Sistemas de

Linguagem Padronizada de Enfermagem (SLPE).


  1. Modelos Teóricos para a Coletividade: As teorias de enfermagem oferecem o arcabouço científico para a SAE. Na ESF, a Teoria da Intervenção Práxica da Enfermagem em Saúde Coletiva (TIPESC) é vista como uma metodologia dinâmica e participativa, alinhada aos princípios teórico-filosóficos da saúde coletiva e característica do trabalho na ESF. Outras abordagens devem considerar o indivíduo, a família e a coletividade, englobando o ambiente em que vivem, e focar na promoção da saúde.


  2. Documentação Digital (e-SUS AB): O Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) do sistema e-SUS Atenção Básica (AB) é o software utilizado para armazenar as informações do paciente nas UBS. O PEC contém campos para a utilização de diagnósticos de Enfermagem, atendendo à Resolução COFEN nº 736/2024.


  3. O Método SOAP e o PE: No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o método SOAP (Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano/Prescrição) é amplamente utilizado no PEC e-SUS para organizar as notas de evolução clínica. O SOAP pode ser utilizado como suporte de registro para o PE, correlacionando-se com suas etapas:


    • S (Subjetivo): Corresponde às informações colhidas na entrevista sobre o motivo da consulta/problema (parte do Histórico de Enfermagem).

    • O (Objetivo): Inclui dados do exame físico e exames laboratoriais (parte do Histórico de Enfermagem).

    • A (Avaliação): Reflete o juízo clínico e o problema identificado (Diagnóstico de Enfermagem).

    • P (Plano): Corresponde à conduta, que inclui o plano de cuidados ou intervenções de Enfermagem.


  4. Classificações de Enfermagem: A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) é recomendada e tem sido fortemente utilizada na atenção primária. O uso da CIPE® permite a formulação de subconjuntos terminológicos pré elaborados para áreas específicas, como a APS.



Desafios na Implementação e a Busca pela Qualidade


Embora a SAE seja uma ferramenta poderosa que promove a qualidade da assistência e a autonomia profissional, sua aplicação na Atenção Básica ainda é considerada incipiente e enfrenta obstáculos:


  • Infraestrutura e Capacitação: Dificuldade na operacionalização, ausência de espaços físicos adequados para a consulta e um número insuficiente de profissionais de enfermagem.

  • Gestão e Prioridades: Há evidências de que os gestores reconhecem a importância da SAE, mas podem não considerá-la prioritária, focando no número de atendimentos em detrimento da qualidade, e considerando o tempo gasto na execução do PE.

  • Desconhecimento: A falta de conhecimento sobre a SAE ou o déficit de conhecimento por parte dos enfermeiros sobre a temática, muitas vezes oriundo de uma formação acadêmica fragilizada, torna frágil a aplicação do PE.


Superando o Paradigma: É fundamental que os enfermeiros da APS utilizem o PE para desenvolver o raciocínio crítico e embasar suas ações em evidências científicas, superando a visão de que a prática se limita a técnicas ou rotinas.

 


Conclusão: O Caminho para a Autonomia


A aplicabilidade da SAE na Atenção Básica é o mapa estratégico que transforma a intenção do cuidado em ações concretas e mensuráveis. Ela não apenas cumpre um requisito legal, mas também confere cientificidade à profissão, visibilidade às ações do enfermeiro e, mais importante, garante um cuidado individualizado e seguro ao indivíduo, à família e à comunidade. Ao integrar o PE com as ferramentas digitais (como o PEC e-SUS) e as linguagens padronizadas (como a CIPE®), o enfermeiro consolida sua autonomia e se torna o protagonista na gestão do cuidado na porta de entrada do SUS.

 

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