Diabetes Mellitus: Tipos, Fisiopatologia e Cuidados de Enfermagem
- praticenfgp
- há 4 dias
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O diabetes mellitus (DM) é um conjunto de distúrbios metabólicos caracterizados pela hiperglicemia crônica resultante de defeitos na secreção e/ou na ação da insulina. Essa condição afeta milhões de pessoas em todo o mundo e representa um dos maiores desafios de saúde pública do século XXI, com impacto direto na morbimortalidade cardiovascular, renal e neurológica.
O conhecimento sobre os tipos de diabetes é essencial para a atuação clínica e preventiva da enfermagem, uma vez que cada forma da doença possui mecanismos fisiopatológicos, condutas terapêuticas e riscos distintos.
1. Classificação Geral do Diabetes Mellitus
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a American Diabetes Association (ADA) e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o diabetes é classificado em quatro grandes grupos:
Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1)
Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2)
Diabetes Mellitus gestacional (DMG)
Outros tipos específicos de diabetes (causas secundárias ou genéticas)
2. Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)
Fisiopatologia
O DM1 é uma doença autoimune, caracterizada pela destruição das células beta pancreáticas — produtoras de insulina — localizadas nas ilhotas de Langerhans.O processo ocorre devido à resposta imunológica anormal, levando à deficiência absoluta de insulina.
Em alguns casos raros, pode ocorrer uma forma idiopática (não autoimune) com causa desconhecida.
Características clínicas
Início predominante na infância, adolescência ou adultos jovens.
Sintomas clássicos: poliúria, polidipsia, polifagia, perda de peso e fadiga.
Necessidade permanente de insulinoterapia.
Tendência a cetoacidose diabética (CAD).
Diagnóstico laboratorial
Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL.
Hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 6,5%.
Glicemia 2h pós-TOTG ≥ 200 mg/dL.
Anticorpos anti-GAD, anti-IA2 ou anti-insulina positivos.
Cuidados de enfermagem
Monitorização rigorosa da glicemia capilar.
Administração correta de insulina (subcutânea ou EV, conforme protocolo).
Educação em autocuidado e reconhecimento de sinais de hipoglicemia.
Apoio emocional ao paciente e à família (crianças e adolescentes).
3. Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2)
Fisiopatologia
O DM2 é caracterizado por resistência periférica à insulina associada à disfunção progressiva das células beta.Ou seja, o pâncreas ainda produz insulina, mas as células do corpo não respondem adequadamente.
Fatores de risco
Obesidade central e síndrome metabólica.
Sedentarismo e dieta hipercalórica.
Histórico familiar de diabetes.
Idade > 40 anos.
Hipertensão arterial e dislipidemia.
Características clínicas
Instalação lenta e silenciosa.
Pode permanecer assintomático por anos.
Frequentemente diagnosticado após complicações (retinopatia, nefropatia, neuropatia).
Pode ser controlado com mudança de estilo de vida e hipoglicemiantes orais, evoluindo para uso de insulina.
Diagnóstico laboratorial
Mesmos critérios do DM1 (glicemia de jejum, TOTG e HbA1c).
Ausência de autoanticorpos.
Frequentemente associado à obesidade e dislipidemia.
Cuidados de enfermagem
Avaliação da adesão medicamentosa e dieta.
Monitorização de glicemia capilar e sinais de hipoglicemia.
Educação sobre atividade física e perda de peso.
Avaliação de complicações micro e macrovasculares (pé diabético, úlceras, neuropatias).
4. Diabetes Mellitus Gestacional (DMG)
Fisiopatologia
Ocorre durante a gestação, em mulheres previamente não diabéticas, devido ao aumento dos hormônios contrarreguladores da insulina (como lactogênio placentário e progesterona), levando à resistência insulínica temporária.
Características clínicas
Surge geralmente entre a 24ª e a 28ª semana de gestação.
Pode ser assintomático.
Associado a macrossomia fetal, hipoglicemia neonatal, pré-eclâmpsia e risco aumentado de DM2 pós-parto.
Diagnóstico
Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) com 75g de glicose.
Critérios diagnósticos (SBD 2024):
Jejum ≥ 92 mg/dL
1h ≥ 180 mg/dL
2h ≥ 153 mg/dL
Cuidados de enfermagem
Orientar dieta equilibrada e fracionada.
Monitorar glicemia capilar 4 vezes ao dia.
Avaliar controle metabólico e ganho de peso gestacional.
Apoiar o aleitamento materno (reduz risco futuro de DM2).
5. Outros Tipos Específicos de Diabetes
Esses representam menos de 5% dos casos e têm causas genéticas, endócrinas, infecciosas, medicamentosas ou pancreáticas.
a) Diabetes Monogênico (MODY)
Causado por mutações genéticas que afetam secreção de insulina.
Ocorre geralmente antes dos 25 anos, com herança autossômica dominante.
Tratamento pode incluir sulfonilureias ao invés de insulina.
b) Diabetes Secundário
Consequente a doenças pancreáticas (pancreatite crônica, neoplasias), endocrinopatias (síndrome de Cushing, feocromocitoma) ou uso prolongado de medicamentos como corticoides e diuréticos tiazídicos.
Requer controle da doença de base e ajuste terapêutico individual.
c) Diabetes induzido por fármacos
Causado por agentes que interferem na ação da insulina, como:
Corticoides
Antipsicóticos atípicos
Betabloqueadores
Inibidores de protease (HIV)
d) Diabetes neonatal
Surge nas primeiras semanas de vida devido a mutações genéticas que afetam o canal de potássio das células beta.
Pode ser transitório ou permanente.
6. Cuidados Gerais de Enfermagem no Diabetes Mellitus
7. Complicações do Diabetes Mellitus
Referências Bibliográficas
Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Diretrizes da SBD 2023–2024. São Paulo: SBD, 2024.
American Diabetes Association (ADA). Standards of Medical Care in Diabetes – 2024. Diabetes Care, 47(Suppl.1): S1–S188, 2024.
Guyton, A. C.; Hall, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 14. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2021.
Smeltzer, S. C.; Bare, B. G. Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 14ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023.
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