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O Enfermeiro na Linha de Frente: Competências e Obrigações da Equipe de Enfermagem nas Emergências Intra-hospitalares

O ambiente hospitalar, especialmente os Serviços Hospitalares de Urgência e Emergência (SHUE) e as Salas de Estabilização, são pontos críticos da Rede de Atenção às Urgências. Nesses locais, a rapidez e a competência técnica da equipe de enfermagem, coordenada pelo Enfermeiro, são decisivas para a sobrevida do paciente grave. A atuação da enfermagem intra-hospitalar é regulada por um robusto arcabouço legal que define quem faz o quê, priorizando sempre a segurança do paciente.



1. O Enfermeiro: Líder, Classificador e Executor de Práticas Avançadas


O Enfermeiro, por ser um profissional de nível superior, assume funções de coordenação e execução de procedimentos de alta complexidade, fundamentais no cenário de emergência.


Classificação de Risco e Acolhimento


A entrada no Serviço Hospitalar de Urgência e Emergência (SHUE) exige a implantação obrigatória do Acolhimento com Classificação de Risco.


  • Atividade Privativa: A classificação de risco e a priorização da assistência são privativas do Enfermeiro.


  • Capacitação e Tempo: O Enfermeiro deve ter curso de capacitação específico para o Protocolo de Classificação adotado pela instituição. Para garantir a segurança, deve-se observar o tempo médio de 4 minutos por classificação, com limite de até 15 classificações por hora. Durante esta atividade, o Enfermeiro não deve exercer outras atividades concomitantemente.


  • Obrigações: A classificação deve ser feita em local que assegure a privacidade e o sigilo do paciente.


Cuidados Diretos e Complexos (Atribuições Privativas)


O Enfermeiro é responsável pelos cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida e os cuidados que exigem maior complexidade técnica, base científica e capacidade de tomar decisões imediatas. Em emergências intra-hospitalares, destacam-se:


  1. Acesso à Via Aérea e Ventilação: É privativo do Enfermeiro utilizar Dispositivos Extraglóticos (DEG) para acesso à via aérea, restrito à situação de iminente risco de morte.


  2. Aspiração de Vias Aéreas: A aspiração privativa das vias aéreas de pacientes graves submetidos à intubação orotraqueal ou traqueostomia deve ser realizada pelo Enfermeiro, especialmente em unidades de emergência e Salas de Estabilização.


  3. Ventilação Mecânica: No âmbito da equipe de enfermagem, é competência do Enfermeiro a montagem, testagem e instalação de aparelhos de ventilação mecânica invasiva e não-invasiva. O Enfermeiro também monitoriza, checa alarmes, faz o ajuste inicial e manejo dos parâmetros, sendo estas ações no contexto do Processo de Enfermagem, mas ocorrendo sob coordenação médica.


  4. Monitorização Invasiva: Compete ao Enfermeiro a instalação e verificação da Pressão Venosa Central (PVC), e, desde que capacitado, a realização da punção arterial para gasometria e/ou instalação de cateter intra-arterial para monitorização da Pressão Arterial Invasiva (PAI).


  5. Procedimentos em Feridas: Realizar desbridamento instrumental, autolítico, mecânico e enzimático.


  6. Gerenciamento do Carro de Emergência: O Enfermeiro deve conferir o lacre do carro de parada cardiorrespiratória e o material de intubação a cada turno, testar o desfibrilador diariamente e repor materiais e medicamentos quando necessário.



2. O Técnico de Enfermagem: Assistência Direta e Segura


O Técnico e o Auxiliar de Enfermagem desempenham um papel essencial, prestando cuidados diretos de enfermagem e auxiliando o Enfermeiro em procedimentos complexos.


  • Assistência no Ambiente Crítico: Cabe ao Técnico de Enfermagem prestar cuidados diretos a pacientes em estado grave, sempre sob a supervisão imediata ou a distância do Enfermeiro. Eles devem auxiliar o Enfermeiro na assistência direta a pacientes graves.


  • Suporte em Procedimentos: Auxiliam em procedimentos como intubação endotraqueal, punção lombar, e cateterismo vesical, dentro de suas competências legais.


  • Monitoramento e Comunicação: Devem monitorar o gotejamento de infusões venosas e, crucialmente, comunicar alterações no quadro clínico do paciente ao Enfermeiro/médico.


  • Aspiração (Não-Graves): O Técnico pode realizar a aspiração de vias aéreas em pacientes considerados não graves (unidades de repouso, internação, pacientes crônicos em traqueostomia de longa permanência) desde que esta ação seja prescrita pelo Enfermeiro.



3. As Obrigações Éticas, Legais e a Segurança do Paciente


Em ambientes hospitalares, onde o risco de deterioração clínica é alto (SHUE, Salas de Estabilização), a segurança assistencial depende do cumprimento de obrigações éticas e da estrutura da instituição.


Dever de Assistência em Emergência


O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem estabelece que é vedado negar assistência de enfermagem em situações de urgência, emergência, epidemia, desastre e catástrofe, desde que esta ação não ofereça risco à integridade física do profissional. Contudo, o profissional deve avaliar criteriosamente sua competência técnica, científica, ética e legal, e só aceitar encargos quando for capaz de desempenho seguro para si e para outrem.


O Transporte Intra-hospitalar


O transporte de pacientes entre unidades hospitalares (intra-hospitalar) faz parte das competências da equipe de enfermagem e não pode ser desvinculado da atuação dos profissionais.


  • Responsabilidade da Equipe: É responsabilidade da equipe de saúde (Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem) realizar o transporte, sendo o fator decisivo para a composição da equipe o quadro clínico do paciente e os riscos durante o percurso.


  • Planejamento do Enfermeiro: Cabe ao Enfermeiro planejar e coordenar o transporte. Ele deve avaliar o estado geral do paciente, antecipar possíveis instabilidades, conferir os equipamentos necessários e definir o profissional de enfermagem que fará a assistência durante o deslocamento.


  • Transporte de Alto Risco: O Enfermeiro, por ser responsável privativamente pelos cuidados de maior complexidade técnica, deverá estar presente no transporte intra-hospitalar de médio e alto risco.


Documentação e Protocolos


A assistência de enfermagem deve ser prestada livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência.


  • Processo de Enfermagem: O Enfermeiro deve realizar todas as etapas do Processo de Enfermagem e elaborar o plano de cuidados individualizado. O Técnico deve cumprir o plano de cuidados individualizado.


  • Registros: É dever do profissional de enfermagem registrar no prontuário todas as ações e evoluções da assistência prestada de forma clara, precisa e pontual.


  • Protocolos Institucionais: É essencial que a instituição de saúde promova treinamento e capacitação e estabeleça Protocolos Operacionais Padrão (POP) que amparem a equipe, especialmente em situações limites, e que estejam em conformidade com a legislação.


O Enfermeiro, ao atuar em ambientes intra-hospitalares de urgência e emergência, não só exerce suas competências técnicas avançadas, como a regulação e o manejo ventilatório, mas também assume o papel de coordenador da equipe, garantindo que o cuidado seja seguro e baseado em protocolos, assegurando a continuidade assistencial desde o acolhimento até a transferência ou estabilização do paciente.


Metáfora: A equipe de enfermagem em uma emergência intra-hospitalar funciona como uma equipe de boxes de Fórmula 1. O Enfermeiro é o Chefe de Equipe, fazendo a leitura rápida da pista (Classificação de Risco), decidindo o momento exato do pit stop (intervenções avançadas) e coordenando a troca de pneus (Técnicos) e o abastecimento de combustível (medicamentos). Já o Técnico de Enfermagem é o Mecânico de Mãos Rápidas, executando procedimentos padronizados (trocas de curativos, aferição de sinais vitais) com precisão e sob supervisão, garantindo que o carro (o paciente) saia da urgência com a máxima segurança possível.

 

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