Escala de Braden: O que é, como aplicar e qual sua importância para a enfermagem
- praticenfgp
- há 2 dias
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As lesões por pressão (LP) representam um dos maiores desafios no cuidado ao paciente hospitalizado, especialmente em unidades de média e alta complexidade. Para prevenir essas lesões e garantir um cuidado seguro, é essencial a aplicação sistemática de instrumentos validados, como a Escala de Braden.
Neste artigo, vamos explicar o que é a Escala de Braden, quem deve aplicá-la, em quais momentos ela é utilizada e por que ela é indispensável em diversos setores assistenciais.
O que é a Escala de Braden?
A Escala de Braden é um instrumento de avaliação desenvolvido para prever o risco de um paciente desenvolver lesão por pressão. Ela foi criada por Barbara Braden e Nancy Bergstrom e tem aplicação internacional, sendo recomendada por diversas diretrizes clínicas.
A escala avalia seis domínios que, quando comprometidos, aumentam o risco de surgimento de LPs:
1. Percepção sensorial
2. Umidade
3. Atividade
4. Mobilidade
5. Nutrição
6. Fricção e cisalhamento
Cada item é pontuado de 1 a 4, exceto o último (fricção/cisalhamento), que vai de 1 a 3. A pontuação final varia de 6 a 23 pontos. Quanto menor a pontuação, maior o risco de desenvolvimento de lesões por pressão.
Como aplicar a Escala de Braden?
A aplicação é observacional e avaliativa. O profissional de enfermagem deve avaliar as condições clínicas e comportamentais do paciente, como:
· Capacidade de sentir desconforto e dor (percepção sensorial);
· Presença de suor excessivo ou incontinência (umidade);
· Nível de atividade física (acamado, cadeirante, deambulando);
· Capacidade de movimentar-se espontaneamente;
· Estado nutricional (alimentação oral, enteral, parenteral);
· Presença de atrito durante movimentações no leito.
A aplicação leva apenas alguns minutos, mas requer atenção clínica e conhecimento técnico sobre o paciente.
Quando aplicar a Escala de Braden?
A frequência de aplicação varia conforme o protocolo de cada instituição, mas geralmente segue este padrão:
· Na admissão hospitalar
· A cada 24 horas
· Após mudanças clínicas significativas
· Em casos de internação prolongada
· Antes e após transferências intersetoriais (ex: UTI → enfermaria)
A avaliação contínua permite intervenções precoces, ajustando o plano de cuidados de acordo com o risco identificado.
Quem deve aplicar?
A aplicação da Escala de Braden é uma atribuição do enfermeiro, conforme preconizado pela Resolução COFEN nº 564/2017, que regulamenta o processo de enfermagem.
A coleta de dados pode ser feita com auxílio da equipe de enfermagem (técnicos e auxiliares), mas a interpretação e o julgamento clínico são funções privativas do enfermeiro, que deve registrá-las no plano de cuidados.
Quais setores utilizam a Escala de Braden?
A Escala de Braden é amplamente aplicada em:
· Unidades de Terapia Intensiva (UTI)
· Clínicas médicas e cirúrgicas
· Pronto atendimento e observação prolongada
· Home Care e atendimentos domiciliares
· Instituições de longa permanência (ILPIs)
· Atenção hospitalar em geral
Em setores de alta complexidade, a escala torna-se ainda mais relevante devido à limitação funcional dos pacientes.
Classificação de risco da Escala de Braden
Pontuação total | Classificação do risco |
19 a 23 | Sem risco |
15 a 18 | Risco leve |
13 a 14 | Risco moderado |
10 a 12 | Risco alto |
≤ 9 | Risco muito alto |
Cada categoria exige um plano de cuidados proporcional ao risco, com medidas preventivas como mudança de decúbito, colchão pneumático, hidratação da pele, entre outras.
Conclusão
A Escala de Braden é um instrumento fundamental para promover a segurança do paciente, reduzir eventos adversos e nortear a assistência de enfermagem com base em evidências. Sua aplicação sistemática permite que a equipe antecipe riscos e atue preventivamente, fortalecendo a qualidade do cuidado prestado.
A adoção da escala deve ser parte integrante da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), compondo a etapa de diagnóstico e planejamento.
Referências
BRADEN, B.; BERGSTROM, N. Clinical utility of the Braden Scale for Predicting Pressure Sore Risk. Decubitus, 1989.
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução nº 564/2017.
ANVISA. Segurança do Paciente – Assistência Segura: uma reflexão teórica aplicada à prática.
NPUAP/EPUAP/PPPIA. Prevention and Treatment of Pressure Ulcers: Clinical Practice Guideline. 2019.
Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SESDF). Guia rápido de prevenção e tratamento de lesão por pressão. Brasília, 2020.
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