A emergência de um paciente sem pulso é um dos cenários mais desafiadores na prática da enfermagem e da medicina. Entre os ritmos que indicam a ausência de pulso estão a Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP) e a Assistolia. Mas uma dúvida comum surge entre profissionais e estudantes: por que não se aplica choque nesses casos? Vamos entender os conceitos e o raciocínio por trás das condutas adequadas.
O que é a Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP)?
A AESP ocorre quando o coração apresenta atividade elétrica no monitor, mas não há pulso palpável. Isso significa que, apesar do sistema elétrico do coração estar funcionando, ele não está conseguindo contrair de forma eficaz para bombear o sangue.
Exemplo prático: Imagine um paciente que sofreu um acidente automobilístico e, embora consciente inicialmente, sofreu um tamponamento cardíaco. O acúmulo de sangue no saco pericárdico impede o coração de relaxar e contrair adequadamente, resultando na ausência de pulso, mesmo com o ritmo elétrico presente.
O que é Assistolia?
A assistolia é caracterizada pela completa ausência de atividade elétrica no coração, apresentada como uma linha reta no monitor. Nesse caso, o coração está completamente parado, sem qualquer atividade que possa ser reiniciada.
Por que Não se Aplica Choque em AESP e Assistolia?
O choque elétrico, ou desfibrilação, é eficaz para ritmos desorganizados, como a fibrilação ventricular ou a taquicardia ventricular sem pulso. Nessas situações, o choque ajuda a "reiniciar" o sistema elétrico do coração, permitindo que ele volte a um ritmo organizado.
Na assistolia, não há atividade elétrica a ser reiniciada. O choque não tem onde atuar, tornando-se ineficaz.
Na AESP, o problema não está no sistema elétrico, mas na incapacidade do coração de bombear sangue devido a causas mecânicas ou metabólicas. Aplicar choque não resolverá o problema subjacente.
Qual é o Tratamento Adequado?
Assistolia:
Iniciar reanimação cardiopulmonar (RCP) imediatamente.
Administrar adrenalina o mais rápido possível.
Verificar rapidamente a correta colocação dos eletrodos e cabos do monitor.
AESP:
Iniciar RCP.
Administrar adrenalina.
Identificar e tratar as causas reversíveis, conhecidas como as 5H’s e 5T’s:
Hipovolemia, Hipóxia, Hidrogênio (acidose), Hipo/hipercalemia, Hipotermia.
Trombose coronariana, Trombose pulmonar, Tamponamento cardíaco, Tension pneumothorax, Toxinas.
Quando o Choque é Indicado?
O choque deve ser aplicado em ritmos chocáveis, como:
Fibrilação ventricular (FV): Ritmo desorganizado onde o coração vibra sem contrair de forma eficaz.
Taquicardia ventricular sem pulso (TVSP): O coração está batendo tão rápido que não consegue encher adequadamente, resultando na ausência de pulso.
Conclusão
Compreender a diferença entre AESP, assistolia e ritmos chocáveis é essencial para realizar intervenções eficazes em situações críticas. O conhecimento da fisiologia cardíaca e dos mecanismos que impedem o bombeamento de sangue é a chave para salvar vidas.
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