Posição Prona na UTI: Importância, Indicações e Como Utilizá-la na Prática
- praticenfgp
- 14 de abr.
- 3 min de leitura
A posição prona é uma técnica amplamente utilizada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para melhorar a oxigenação de pacientes com insuficiência respiratória aguda, especialmente na Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA). O posicionamento adequado pode fazer toda a diferença na evolução do paciente crítico, sendo uma estratégia importante para reduzir a hipoxemia e melhorar a troca gasosa.
1. O Que é a Posição Prona?
A posição prona consiste em colocar o paciente em decúbito ventral, com o abdômen e o tórax voltados para baixo. Essa técnica promove uma melhor distribuição da ventilação pulmonar, aumentando a oxigenação e reduzindo o risco de lesões induzidas pela ventilador.
Durante a pronação, as partes posteriores dos pulmões, que normalmente sofrem com colapsos alveolares na posição supina, recebem uma ventilação mais uniforme, favorecendo a troca gasosa.
2. Importância da Posição Prona na UTI
a) Melhora da Oxigenação
A pronação melhora a relação ventilação/perfusão, aumentando a oxigenação arterial em pacientes com hipoxemia refratária.
b) Redução do Colapso Alveolar
Posicionar o paciente em decúbito ventral ajuda a prevenir o colapso dos alvéolos dorsais, facilitando a expansão pulmonar.
c) Diminuição do Risco de Lesão Pulmonar
A distribuição uniforme da pressão durante a ventilação mecânica diminui o risco de lesão pulmonar induzida pelo ventilador (VILI).
d) Redução da Mortalidade
Estudos mostram que a utilização precoce da posição prona em pacientes com SDRA moderada a grave está associada à redução da mortalidade.
3. Indicações para o Uso da Posição Prona
· Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) moderada a grave (PaO2/FiO2 < 150 mmHg).
· Hipoxemia refratária mesmo após otimização da ventilação mecânica.
· Pacientes com COVID-19 e insuficiência respiratória grave.
· Atelectasia pulmonar persistente apesar de outras manobras.
· Prevenção de lesões pulmonares em ventilação prolongada.
4. Contraindicações e Cuidados na Pronação
Contraindicações Absolutas:
· Instabilidade hemodinâmica grave.
· Lesões na coluna cervical ou torácica sem estabilização.
· Traumatismo cranioencefálico grave.
· Cirurgias abdominais recentes ou feridas abertas no abdômen.
Contraindicações Relativas (avaliar risco-benefício):
· Obesidade mórbida.
· Gravidez em estágio avançado.
· Pacientes com risco de aspiração.
5. Como Utilizar a Posição Prona na Prática
a) Preparação do Paciente e da Equipe
1. Verificar indicação e contraindicações.
2. Reunir uma equipe multiprofissional (enfermagem, fisioterapia, médicos).
3. Monitorar sinais vitais antes, durante e após o procedimento.
4. Desconectar linhas desnecessárias e garantir a fixação segura de tubos e cateteres.
b) Procedimento de Pronação
1. Posicionamento dos Braços e Cabeça: Alternar posição dos braços ("nadador") e virar a cabeça lateralmente para prevenir lesões por pressão.
2. Proteção das áreas de pressão: Utilizar almofadas e suportes em regiões vulneráveis (face, joelhos, pelve).
3. Tempo de Permanência: Manter o paciente na posição por 12 a 16 horas por dia, dependendo da tolerância e resposta.
4. Reverter para a Posição Supina: Realizar o retorno com a mesma atenção, monitorando sinais de desconforto ou complicações.
6. Complicações Possíveis e Como Preveni-las
a) Lesões por Pressão
· Prevenção: Proteção adequada da pele, troca de posição da cabeça e dos membros.
b) Deslocamento de Tubos e Cateteres
· Prevenção: Fixar bem o tubo orotraqueal e monitorar os acessos durante a manobra.
c) Instabilidade Hemodinâmica
· Prevenção: Monitorização contínua dos sinais vitais, ajuste de medicamentos vasoativos conforme necessidade.
d) Complicações Oftálmicas (ex.: úlcera de córnea)
· Prevenção: Proteção dos olhos com curativos ou lubrificantes oculares.
7. Conclusão
A posição prona é uma intervenção simples, mas altamente eficaz no manejo da insuficiência respiratória aguda. Quando realizada de forma correta, pode melhorar significativamente a oxigenação e reduzir a mortalidade em pacientes com SDRA. O papel da enfermagem é fundamental nesse processo, desde a preparação e execução da manobra até o monitoramento rigoroso para prevenir complicações.
Incorporar essa técnica de forma segura e eficaz na prática clínica é essencial para oferecer um cuidado de qualidade ao paciente crítico.
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